Quando parar de usar estatina no idoso?
Dúvida freqüente na geriatria, o tema abordado tenta definir o que se tem na literatura sobre a interrupção do uso de estatinas no idoso.
Neste artigo levanta-se alguns pontos bastantes interessantes, vamos aos destaques:
Primeiro:
Não há um guideline na literatura médica claro quanto a suspensão da estatina na população idosa, nem mesmo durante um processo de paliação
Segundo:
Destacamos alguns pontos que são comuns a outras populações, entre elas os idosos, na suspensão das estatinas, seriam estes:
Por intolerância:
-Sintomas musculares(incluindo rabdomiólise).
-Toxicidade hepática.
-Contra indicação.
Considerar descontinuação, podendo ser inapropriado a continuação:
-Sintomas musculares.
-Disfunção cognitiva após o uso das estatinas(devendo ser avaliar potencialidade de reversibilidade).
Estado de saúde
-Expectativa de vida limitada.
-Multimorbidades, aumento das morbidades.
-Fragilidade.
-Declínio funcional ou cognitivo.
-Quando o risco(polifarmácia/reação a drogas adversas)superar os benefícios.
Apesar de amplo, o estudo não conseguiu responder algumas perguntas por falta de dados na literatura, tais perguntas seriam:
Como estratificar os idosos por faixa etária de indicação para prevenção primária ou secundária?
Vide resposta a)
Quando parar o uso de estatina na prevenção secundária?
Vide resposta b)
A partir de que ponto na paliação poderíamos suspender o uso de estatina?
Vide resposta c)
Abaixo segue nossa opinião sobre cada tema(opinião do especialista):
Reposta a ) Os pacientes com expectativa de vida abaixo de 3 anos não deveriam iniciar a prevenção primária com o uso de estatina, independente da faixa etária.
a.1) Em pacientes muito idosos 85 anos ou mais e em uso de prevenção secundária, optamos por manter a terapia com estatina nas seguintes situações, presentes a maioria delas:
-Expectativa de vida maior que 10 anos.
-Paciente com ABVDs preservadas e AIVDs pouco comprometidas(mais de 60% da pontuação residual).
-Sem a presença de efeitos indesejáveis(mialgia, elevação CPK, etc), contra- indicação ou custo proibitivo.
-Sem presença de fenótipo frágil.
Resposta b ) Pacientes demenciados com perda cognitiva severa, escala Fast 7c ou mais, ou os pacientes com perda total das AIVDs e ABVDs, poderiam interromper as estatinas pois o potencial de benefício versus o potencial de evento catastrófico não justificariam a permanência da medicação.
Resposta c ) No processo de paliação, nas suas fases finais, quando se suspende medicações como antibiótico e não se indica mais intervenções mais invasivas (como intubação, reanimação, terapia intensiva, ou diálise) pode se optar por também suspensão das estatinas, dado os benefícios limitados da medicação nestas situações.
Referência
Van der Ploeg, M.A., Floriani, C., Achterberg, W.P., Bogaerts, J.M., Gussekloo, J., Mooijaart, S.P., Streit, S., Poortvliet, R.K. and Drewes, Y.M. (2020), Recommendations for (Discontinuation of) Statin Treatment in Older Adults: Review of Guidelines. J Am Geriatr Soc, 68: 417-425. https://doi.org/10.1111/jgs.16219
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